2 de abril de 2009


Procura-se um Amante

Há muitas pessoas que têm um amante e, outras não o têm mas gostariam de ter. Há também as que o tinham e perderam. Geralmente são estas últimas que enchem os consultórios de psicologia para desabafar a tristeza que se apoderou delas e, os sintomas típicos que apresentam de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores.

Contam que as suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a esperança.
Antes de contarem tudo isto, já tinham percorrido outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão!"... além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.

Assim, depois de ler atentamente um artigo sobre isto e, de ter presenciado bem de perto uma situação semelhante, atrevo-me a afirmar que elas não precisam de nenhum anti-depressivo. Digo que o que elas precisam é de um Amante!
Seria interessante e deveras impressionante ver a expressão dos olhos de quem me lê, ao receberem o meu "conselho". De certo, haverá quem pense: "Como é possível que alguém se atreva a sugerir uma coisa destas?!".

Haverá também quem, chocado e escandalizado, esteja a colocar em causa os meus valores morais e, decida não continuar a ler-me até ao fim. Mas, aos que decidem ficar e não fogem horrorizados, eu explico-lhes o seguinte: Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos e, é também aquilo que, às vezes, nos impede de conseguir dormir.

O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante no nosso namorado, ou marido, outras vezes, em alguém que não é nosso namorado nem marido, mas que nos desperta a maior paixão e sensações incríveis.Também podemos encontrá-lo sob outras formas... na literatura, na música, na política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso “hobbie” preferido.

Enfim, Amante é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é... "ir vivendo"?

"Ir vivendo" é ter medo de viver. É apenas sobreviver. É vigiar a forma como os outros vivem e importarmo-nos mais com o que acontece nas suas vidas do que com o que realmente acontece na nossa, é o deixarmo-nos dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, afastarmo-nos do que é gratificante, é aborrecermo-nos com o calor ou com o frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã. Não é um “clichê”, apesar de ser algo que no fundo todos sabemos. Por favor, não se contentem com "ir vivendo". Procurem um amante, sejam também um amante... e um protagonista na vossa vida!

Já diz a psicologia:
"Para se estar satisfeito, activo, e se sentirem jovens e felizes, É PRECISO NAMORAR A VIDA".

P.S.: Para que conste, não estou aqui a criticar nem a julgar ninguém, tão pouco a incentivar a trairem o vosso parceiro.
Sejam amantes da Vida. Façam. Aconteçam. Não desistam nunca! Leiam uns quantos artigos do livro: "Hay que buscarse un Amante". E amem... amem muitíssimooo! ;)