23 de outubro de 2008

No arame das emoções... (1)


Sempre me considerei uma pessoa bastante racional, com as ideias no lugar, ao mesmo tempo que possuo uma visão sensível ao mundo e às pessoas com quem me relaciono.

Talvez... porque as minhas vivências me tenham levado a crescer mais depressa do que seria desejável, marcadas por uma infância conturbada por episódios violentos, onde não havia espaço ao diálogo... à cumplicidade, ao conforto de um lar sereno, de amor e compreensão.

Eu sei que os meus alicerces emocionais não foram os melhores, os mais fortes... cresceram a custo, alguns tortos, outros de algumas carências sofridas... mas também sei que há crianças que tiveram, têm e infelizmente continuarão a ter de crescer em ambientes impróprios à sua condição e que não é isso que nos torna melhores ou piores pessoas.

Talvez não seja a mulher mais auto-confiante... tenho os meus medos, as minhas fragilidades humanas, às vezes ainda reprimo os meus sentimentos, ainda sinto aquela vontade de fuga aos momentos em que me sinto nua, em que a minha alma fica demasiadamente exposta...

Todos os dias são uma nova conquista, um aprendizado... uma descoberta de mim mesma, das minhas emoções.

Gosto de sentir que, e apesar de... não guardo mágoas nem rancores, e que de certo modo até me sinto abençoada por tudo o que me foi proporcionado, porque houve alguns momentos bons pelo caminho... e, o meu coração de menina conseguiu sempre elevar-se para sonhar e acreditar na genuidade dos sentires, na pureza dos actos... no amor como essência da vida.

Trapezista de emoções, eu sou. Na constante procura de equilíbrio, no arame da vida... a minha.

2 comentários:

Shadow disse...

A este teu texto aplaudo de pé!
Fantástico!

Bjs,
Shadow

Mαğΐα disse...

Isso é estar "de bem com a vida", aceitar que o limite está em nós...

Beijo